Dia 18 de setembro completamos um mês aqui na Alemanha. Ficamos devendo
pra vocês um relato mais detalhado de tudo o que tem acontecido. A correria do
dia-a-dia não nos permitiu escrever com tanta frequência, além do acesso a
internet ainda ser difícil.
Nesta última semana terminei uma etapa do curso de alemão.
Completei o nível A2, e na segunda semana de outubro começo o B1. Em fevereiro
devo fazer um exame (chamado DSH) que comprova o nível de conhecimento da
língua para estudar na Universidade. A Lu ainda não teve aulas de alemão, mas a
Missão já conseguiu uma professora e já está agendado um encontro com ela pra
decidirmos os horários das aulas. Agora é essencial que nós saibamos falar a
língua pra poder fazer amizades e viver na nova cultura.
Algo que nos deixou preocupados foi a negativa da matricula
na Universidade. O setor de matricula disse que sem um mestrado não seria
possível ingressar no doutorado. Isto parece obvio quando pensamos no sistema
brasileiro: bacharelado – mestrado – doutorado. Acontece que aqui existem
momentaneamente dois sistemas, um antigo onde se estudava teologia por 6 a 8
anos e depois poderia se ingressar no doutorado ou ser ordenado pastor. E um
sistema novo, parecido com o nosso. Esta mudança visa preparar o sistema alemão
para os “padrões internacionais”. Quando planejamos vir pra cá não sabíamos que
a Universidade de Erlangen já estava com a transição concluída. Outros colegas
não tiveram o mesmo problema que nós, então planejamos tudo conforme o sistema
antigo. O Dr. Fischer, que o responsável pelos doutorandos e intercambistas na
Mission EineWelt, fez contato com meu orientador e com a Universidade. Meu
orientador falou com o orientador do Vitor pra saber como foi feita a admissão
dele lá em Jena. Em uma semana encontraram o caminho. Recebi a autorização pra
matricula por 2 semestres. Neste tempo o órgão oficial em Bohn fará a avaliação
do meu currículo e indicará o que eu preciso fazer para complementar os meus
estudos. Na verdade, eu já sabia que seria necessário fazer uma complementação
de estudos aqui. O que foi surpresa para mim foi a exigência do grau de Mestre
em Teologia. Exigência esta que não é feita aos estudantes alemães, apenas aos
estrangeiros. Argumentamos que com a ordenação, na prática ,além dos estudos
acadêmicos eu tenho pratica pastoral numa comunidade. Nesta semana vou efetivar
a matricula, e aí está tudo certo pra começar os estudos. Dia 12 faço um teste
de equivalência do curso de alemão pra ingressar num curso preparatório para o
DSH (certificado de conhecimento do alemão para o ensino superior). Neste
semestre o foco será o estudo do alemão, com o DSH feito posso me ocupar com os
meus estudos teológicos.
Tirando esta loucura burocrática toda, as duas últimas
semanas foram cheias de aventuras para nós. Fomos duas vezes para Nürnberg e
uma vez para Fürth, no IKEA. O primeiro passeio pra Nürnberg foi pra comprar
roupas mais quentes pra Ana. Acabamos passando a maior parte do tempo nas
lojas, procurando, provando, escolhendo uma série de coisas que a Ana precisava
pra esse outono. Foi um bom dia de compras e passeio, pra terminar o dia
tomamos um sorvete que estava uma delícia.
Na segunda-passada fomos mais uma vez ao IKEA em Fürth.
Desta vez nos aventuramos com trem e
ônibus. Eu estava no curso de alemão pela manhã, a Lu e a Ana vieram sozinhas
de Neuendettelsau com o trem. Foi a primeira vez que elas saíram de trem
sozinhas. Mas foi tudo bem. Peguei elas na estação e apenas trocamos de
plataforma pra ir até Fürth. Lá foi um pouco difícil pra encontrar o ponto
certo pro ônibus. Achei que fosse um ponto, ficamos esperando, e quando me dei
por conta vi nosso ônibus num outro ponto já saíndo. Tarde de mais.
Aprendizado: observe qual é o Richtung
(sentido) da linha! Esperamos vinte minutos e finalmente pegamos o
ônibus até o IKEA. Lá foi uma aventura! Fomos com objetivo de comprar um
colchão novo pra cama. Não estávamos nos adaptando aos dois colchões separados
e ainda de tipos diferentes. Então resolvemos investir nossas economias num
colchão, afinal serão 4 anos dormindo por aqui. hehehe
|
Esperando o onibus pra ir ao IKEA - primeira vez que a Ana andou de onibus hehehe |
Fomos passando pelas prateleiras e amostras, olhando,
escolhendo o que precisávamos, aquela coisa normal de se ir numa loja – claro
que o IKEA é uma monstruosidade de loja. Quando estávamos lá no final, olhamos
pro relógio e vimos: puxa, não vai dar tempo de pegar o próximo ônibus, vamos
ver na net quais são os próximos. Verificamos qual era o próximo horário –
tínhamos uns 50 minutos pra decidir o que fazer. O problema era que não
estávamos decididos sobre qual colchão
levar. Se compraríamos um mais em conta e uma cama menor, ou se ficaríamos com
a cama da casa e pegaríamos um colchão maior (pro tamanho da cama que temos).
Fomos lá analisamos, calculamos e decidimos ficar com o que havíamos escolhido.
Supermarket (quem lembra desse programa na Band?? Haha), saímos correndo e
fomos ao caixa. Pagamos, fomos retirar o colchão e despejar no serviço de
entrega. Demorou muito e perdemos o ônibus. Só que o próximo só em uma hora e
meia. Bom, esquentamos comida pra Ana, pegamos um lanche pra nós (o IKEA tem
tudo – lanchonete, restaurante, comida infantil orgânica!!!) e esperamos o
próximo ônibus. Nesse tempo caiu uma chuvarada daquela. Pensamos que estaríamos
perdidos – pagar taxi ou algo assim pra sair dalí. Mas a chuva acalmou e parou
até a hora da nossa saída. Agora vem a pior parte. Pegamos o ônibus e fomos até
a estação do U-Bahn (metrô) em Fürth. Fomos descendo as escadas com o carrinho
da Ana (ela já estava dormindo a essa altura – já eram 20h), já estávamos na
escada rolante com o carrinho pendurado quando ouvi o barulho do metrô. Me
abaixei, olhei o Richtung (agora já tinha aprendido a lição hehe), vi que era o nosso e era o último!!!
Corremos, empurrando o carrinho e entramos ligeiro no vagão. Cruzamos a porta e
já apitou avisando que iria fechar. Ufa!! Dentro do metrô. Próxima etapa, ir
até a Hauptbahnhof (estação central) de
Nürnberg. O metrô chegaria na Hbf as
20:30. Se não me engana tinha 8 estações no caminho. Olhavamos pro relógio e
pensávamos, ele não vai chegar a tempo. E ainda temos que cruzar toda a Hbf pra
pegar o nosso trem as 20:36 lá na penúltima plataforma. Mas deu certo. Chegamos
na Hbf um minuto antes do horário, subimos a escada rolante com o coração na
mão e quando percebi já estávamos dentro da Hbf no acesso pras plataformas.
Como diariamente não uso o metrô, não sabia que havia um acesso direto no metrô
pras plataformas, achei que teria que andar um monte e por isso a preocupação.
Mas deu certo, fomos até a plataforma, embarcamos e seguimos pra casa. Claro,
como sempre no caminho precisamos trocar de treme seguir a pé até em casa mais
uns 15 minutos. Chegamos podres, cheios de sacolas na mão. Mas satisfeitos por
ter conseguido cumprir esta tarefa. Obrigado Deus que nos guardou nessa
loucura!
O passeio pra Nürnberg na sexta-feira já foi bem mais
tranquilo. Foi bem passeio turístico mesmo. Claro que sempre acontecem coisas
inusitadas, como a Ana fazer xixi no carrinho enquanto trocávamos ela dentro do
primeiro trem!! Imagina, um dia inteiro pela frente e o carrinho dela
encharcado de xixi. Levamos ela no colo até o carrinho secar um pouco e na
primeira loja em Nürnberg compramos um body, pois a Lu tinha leva tudo, menos
um body! Mas o passeio foi muito legal. Andamos “meio sem rumo” e numa certa
rua a Lu parou pra tirar foto de uma “Vespa” e com isto acabamos percebendo que
estávamos na frente do Museu do Brinquedo (Nürnberg é conhecida como a cidade
do brinquedo). Decidimos entrar – foi muito bom conhecer a história dos
brinquedos desde tempos remotos até a atualidade. Tinha uma casa de bonecas, ou
melhor, uma cozinha de bonecas da época dos imperadores alemães. Era original,
pertenceu as filha de um imperador e dava pra ver as marcas na chapa do fogão
de que elas botavam fogo de verdade!!
Depois passamos pela Igreja do Santo Sebaldo. Naquele local
na Idade Média um monge de nome Sebaldo construiu uma capela e iniciou uma
comunidade cristã. Hoje está ali uma grande igreja medieval (a primeira e mais
antiga de Nürnberg) e os restos mortais do “santo” estão no altar da Igreja.
Seguimos subindo a ladeira e chegamos até na casa do
Albrecht Dürer, famoso pintor da época da Reforma Protestante. Quem nunca viu
num Igreja a famosa pintura das “mãos orantes”? Obra de Dürer. Dali cruzamos o
muro da cidade antiga e fomos até o castelo da cidade, o Kaiserburg. Não era
uma moradia, mas um castelo estratégico onde os reis e depois, imperadores,
reuniam-se com seus conselheiros para tomada de decisões, dietas imperiais,
banquetes, e julgamentos públicos. Visitamos o museu e a capela e o palácio,
onde eram oferecidos os banquetes e onde ficava o quarto e escritório do
imperador. Interessante que não há mobília dentro do palácio, pois como não era
uma moradia, sempre que havia uma visita do rei ou imperador, as famílias importantes
da cidade traziam suas mobílias para decorar e servir ao palácio.
Do burgo descemos pela cidade velha passando pelo mercado
(Marktplatz) onde esta a Frauenkirche e uma fonte com o famoso “anel dourado”.
Os supersticiosos giram ele pra ter sorte. Os turistas giram pra dizer que
giraram o anel dourado de Nürnberg e tirar uma foto depois. Hehe.
|
Rio Pegnitz na cidade antiga |
|
Museu do Brinquedo |
|
"Vespa" em homenagem ao Valmor Zimmermann hehe |
|
Igreja St. Sebaldo |
|
Vista do Castelo |
|
Umas faquinhas pro meu compadre Israel |
|
Patio do Castelo |
|
Mac - esse cara aí sim bota medo!!! hahaha |
|
Patio do Castelo |
|
Casa do Albrecht Dürer |
|
O tal do "anel dourado" |
Ah, ontem fomos ao culto numa Gemeischaft em Nürnberg. O
pastor Mathias e sua esposa Andreia são brasileiros e estão há 6 anos aqui. Foi
bom estar numa comunidade de novo, ouvir uma pregação, conversar um pouco com
alguém. Esperamos manter contato com eles e sua comunidade.
A Ana está de mais! Cada vez mais percebemos como ela está
crescendo. O comportamento dela vai mudando, as vontades vão aparecendo! Ela
voltou a distribuir sorrisos pro pessoal e está um amor. Ela ganhou um fantoche
de leão do banco, e ama quando eu brinco com ela usando o fantoche. Ela abraça
ele, quer morder, dá gritinhos! Uma figura.
Agradecemos as orações e o carinho de vocês. Sentimos falta
dos amigos e amigas do Brasil, da comunidade em Timbó e da família. Continuem
orando por nós. Temos visto como Deus é bondoso conosco e como tem nos
sustentado em todos os sentidos. O aprendizado aqui tem sido diário e louvamos
a Deus por isto.
A internet em casa está a caminho, agora apenas aguardamos a
instalação!! Espero que seja logo!
Abraços, beijos!!
Alex, Lu e Ana Luisa.