A semana foi de altos e baixos. A Rebeca foi pra Jena no
domingo a tarde, depois que voltamos de Dietenhofen. Então, agora pra valer
estávamos sozinhos em casa. Sentimos um vazio, pois já fazia uma semana que a
Rebeca estava conosco nos ajudando em tudo. A segunda-feira foi bem tensa. O
Alex saiu cedo pra ir pra primeira aula de alemão – uma espécie de “teste” pra
ver se aquele nível estaria ‘ok’ pra ele. Da nossa casa até na escola leva em
torno de 1 hora, contando ir a pé até na estação e pegar o trem e etc. Isto
significa sair de casa logo depois das 8h e chegar em casa pelas 15:30h. O que
é tenso nesse negócio é que desde que casamos dividimos o ministério – e sempre
estávamos juntos no horário do almoço. O costume aqui é que o pessoal faz uma
parada pra um cafezinho pelas 10:30-11h e depois almoça perto das 14h. O curso
começa as 9:30h e termina as 13:45h. Isto significa que mais ou menos um ano a
Lu precisa almoçar sozinha em casa e eu tenho que almoçar fora/ou levar algo de
casa. Digo um ano, pois tenho 6 meses de curso de alemão e depois o latim na
Uni em Erlangen (que é um pouco mais longe ainda) Como estávamos muito
acostumados a estar juntos à mesa e a dividir as tarefas com a Ana, esta nova
rotina nos deixou tristes. Na verdade, ainda não estamos acostumados com este
costume deles.
Como achei que o nível do curso estava bom pra mim, resolvi
me matricular. Na terça eu iria pro curso, mas como ainda havia coisas a
resolver em casa, e a Lu estava triste com essa história de não poder estar
juntos no almoço pelos próximos tempos, então resolvi ficar em casa na terça.
Foi a melhor coisa – com certeza pela mão de Deus. Na metade da manhã a secretária
do Depto. de Missão Intercultural me ligou. Disse que eu devia ter ido no
escritório dela pra uma reunião. Na verdade, eu havia pedido pra desmarcar –
mas tudo bem. Remarquei pra tarde e fui lá. Recebi a informação de que o meu
Studienleieter (responsável por cuidar dos projetos de estudos dos doutorados /
intercambistas / etc) Dr. Moritz Fischer achava melhor eu não começar
imediatamente o curso, mas esperar um pouco e cumprir alguns passos da agenda
que eles me propuseram. Decidi ficar e seguir no plano original deles. Com isto
a semana ganhou alguns compromissos diferentes e tive mais tempo pra ficar em
casa. “Todos comemoram!” hehehe
Adendo nerd: O Manuel, um dos rapazes do TI da Missão é
muito bacana. Ele é “quase” cego. Usa teclado em braile, tem um monitor enorme
com uma função lupa pra acessibilidade, e ainda um software que lê o que
aparece na tela quando ele passa o mouse. No meio da semana meu carregador de
bateria do note se foi, mais uma vez! Ele me ajudou a adquirir um novo no eBay.
Como vi que o negócio foi bem ágil e seguro, resolvi encomendar uma bateria
nova, pois a minha estava viciada. Novamente tudo bem rápido e tranquilo. O
Manuel, apesar de quase não ver nada, fez as duas compras na minha frente em
uns poucos minutos.
Durante a semana tivemos uma série de reuniões. Primeiro nos
encontramos com o diretor geral da Missão, Pastor Peter Weigand. Foi muito
engraçado. Esperávamos encontrar um alemão com todas as formalidades. A Ana
acordou em cima da hora, e pra não chegarmos atrasados num compromisso “formal”
resolvi ir na frente e as meninas poderia vir depois. O que me deixou
desconcertado, foi que estava ali na sala de espera, quando chega um alemão de
camiseta polo, bem descontraído e me cumprimenta em português dum jeito bem brasileiro.
Não podia imaginar que era o diretor. Ele pediu pra esperar um pouco, e logo a
Lu chegou com a Ana. Batemos umas fotos oficiais com a jornalista da missão e
depois fomos pra “reunião”, que foi mais um bate-papo bem tranquilo. Ele nos
deixou bem a vontade e com trabalhou muito tempo no Brasil, fez questão de
apontar a diferenças culturais e nos mostrar quais seriam os caminhos mais
tranquilos pra um bom começo por aqui. Saímos de lá bem felizes por termos sido
recebidos oficialmente por ele de uma maneira tão brasileira.
Outro momento marcante da semana foi a ida a Erlangen na
quinta-feira. Foi só o Alex junto com o Dr. Fischer. Era uma reunião com o
Doktorvater (literalmente: pai doutor) Prof. Dr. Wolfgang Schoberth. Repare que
estou escrevendo os títulos, o que é muito comum aqui. Ninguém me chama pelo
primeiro nome na missão, é sempre Herr Stahlhoefer, Frau Stahlhoefer (pra Lu).
E no caso dos doutores, o titulo é parte do nome: Dr. Schoberth, Dr. Fischer,
etc. Mas, novamente foi uma surpresa pra mim conhecer o meu orientador. Um cara
super tranquilo, sem cerimonias e protocolos. A preocupação do Dr. Fischer era
que eu fosse aceito logo pelo Dr. Schoberth. Mas acho que o Schoberth não
estava muito preocupado com isso, pois já foi logo pulando pra parte prática:
os livros ficam ali, logo vamos lá ver como funciona tudo, pra mim você começa
amanhã se quiser, etc. Pra ele estava tudo certo, eu já estava aceito e agora
esta só começar pra valer. Então tiramos um tempo pra nos apresentar e
conversar um pouco sobre as possibilidades pra iniciar os estudos. A Dr.ª
Sauber, assistente do Dr. Schoberth também participou do encontro e foi muito
legal. Me falou da experiência dela como doutoranda e agora como habilitanda (é
um “segundo” doutorado que se faz para que um doutor se torne habilitado para a
docência universitária no sistema alemão,
aqui você só é Professor Doutor, se você tem a habilitação). Depois
demos umas voltas nos quarteirões no entorno da faculdade de teologia pra
conhecer um pedacinho do complexo da Uni. Falamos sobre matricula, e exigências
acadêmicas, etc. O que me deixou bem contente é que possivelmente só precisarei
fazer um semestre de latim, e ainda poderia fazer aqui em Neuendettelsau na
Augustana Hochschule (faculdade de teologia da Igreja Luterana da Baviera). Ele
olhou minha grade e a primeira impressão é de que eu não preciso fazer grandes
coisas, basicamente é ir direto pro trabalho de pesquisa. Então não preciso ir
muito à Erlangen, somente algumas vezes por semestre pra participar de um ou
outro seminário, pro encontro de doutorandos e pros diálogos agendados com o
Doktorvater. No mais, posso trabalhar em casa, pegar livros, xerox, ou mesmo
acessar via internet (obras completas de Lutero, de filosofia, dicionários e
enciclopédias teológicas e filosóficas completas no portal da Uni). Com isto se
foi o medo que tínhamos de ter que ficar fazendo viagens continuas entre nossa
casa e a Uni. Fora que morar em Erlangen está cada vez mais difícil, os preços
são realmente altos e muita gente acaba morando nas redondezas pra pegar algo
mais em conta. Então, se é pra morar nas redondezas, num cubículo pagando caro,
no momento acreditamos que vale a pena ficar por aqui mesmo. Mas, vamos ver pra
onde Deus nos guiará.
Voltamos pra casa e ao chegar aqui o Dr. Fischer para o
carro, me cumprimenta e me diz: “Meu nome é Moritz”. Eu pensei, “sim, já sabia
que esse era o seu nome”. Mas, logo me lembrei do que a prof. Ruth sempre dizia
lá em Timbó: “Primeiro você deve tratar os outros com “Sie”, formal, depois que
ficarem mais próximos o alemão via “tu-sar”, isto é, vai permitir você usar o
“du”, informal”. E foi o que ele queria fazer comigo, dali em diante, nada mais
de Dr. Fischer, simplesmente chame de Moritz. E eu disse pra ele, não precisa
nem falar Alexander, basta Alex mesmo – prefiro assim. Ah, o Moritz é muito
legal também. Ele a esposa são pastores, e logo depois de se formarem foram
enviado pra Tansania onde trabalharam por 7 anos. Seus 5 filhos nasceram lá
(eles tem duas duplas de gêmeos!! hehe). Aqui ele trabalha na Missão e na
Augustana como Professor de Missiologia. A habilitação ele escreveu sobre
pentecostalismo na África – um trabalho muito interessante sobre a fé em tempos
de globalização.
No sábado fomos para Ansbach, a cidade maior mais próxima de
nós. Pra entender melhor o que quero dizer com cidade “maior” aqui funciona
assim. Há varias categorias de “cidades”. Tem as dorf que são vilarejos com
características rurais. Depois tem as cidades Stadt (um pouco maior) ou
Gemeinde (um pouco menor) – depende do tamanho. Neuendettelsau é uma Gemeinde,
e cidade vizinha Heilsbronn é uma Stadt. Como um guarda-chuvas administrativo
existe o Kreis (circulo) que reúne os órgãos públicos como fórum, depto de
extrangeiros, ministério do trabalho, depto de transito. No nosso caso o Kreis
fica em Ansbach. Por isso nossa cidade “grande/maior” é Ansbach. Ainda que
grande mesmo, pros padrões alemães seja Nürnberg. Em Ansbach fomos no shopping.
Precisavamos de roupas pra meia estação e queríamos alguns eletros. Foi uma boa
escolha ir pra lá. Tinha ótimas lojas, conseguimos comprar bons produtos com
preços bem acessíveis e também pesquisar algumas coisas pro futuro. Tenso foi a
volta, pois saímos correndo pra pegar o trem em Ansbach. Chegamos na estação,
embarcamos e o trem saiu. Desembarcamos em Wicklesgreuth, onde fazemos troca de
trem, e descobrimos que não havia trem pra Neuendettelsau naquele horário,
teríamos que ficar alí mais uma hora! Pior, estava chovendo e só havia um
abrigo pequeno pra ficar. Enquanto esperávamos, surgiu um figurão, fumando um
cigarrinho, cheiro de uma “brejas” a mais, falando inglês e perguntando pra
onde iriamos. Logo entendemos que morávamos na mesma cidade. Aí, o figura
indignado por esperar tanto tempo resolveu oferecer um taxi pra pagarmos as
meias. Topamos na hora. Problema é que aquela estação fica no meio do nada,
nenhum telefone público, celulares sem crédito. No final, ficamos ali esperando
o trem. E o cara muito indignado ficou ali por perto. Eu e a Lu estávamos
conversando e o camarada me interrompe perguntando: “Are you from Rumenia?”
(Vocês são da Romenia?). Disse que não, que somos do Brasil. O cara deu um
sorriso largo e soltou aquele “Eu sou de Portugal”, com o típico sotaque
portuga. Muito engraçada a situação. Depois ficamos batendo papo até o trem
chegar. Ao chegar em Neuendettelsau a chuva ainda não havia parado, então
pensamos em pedir ajuda pro Jandir, mas não estavam em casa. Aí o portuga, o
nome dele é Francisco, nos deu o numero de um taxi. Chamamos e fomos pra casa.
Bom, graças ao figura que encontramos pudemos chegar em casa bem, e secos!
No trem saindo de Neuendettelsau |
Pai e Ana no jardim do castelo em Ansbach |
O castelo do conde de Ansbach |
Fomos as compras no shopping, na volta mamãe de chapéu novo e Ana com seu xale |
Queremos novamente agradecer as orações de vocês. Percebemos
muito claramente que Deus tem nos carregado, sustentado, cuidado, dado ânimo,
nos livrado dos perigos, nos provado, nos dado paciência, e muito mais. Estamos
aprendendo muito sobre o valor da confiança em Deus, da oração, da paciência.
Sentimos e percebemos pela forma com que tudo acontece por aqui, que o Senhor
está nos conduzindo e que a oração dos crentes faz a diferença. Continuem
intercedendo por nós! E a reciproca é verdadeira, compartilhem seus motivos
conosco, com certeza vamos orar por vocês também – alguns de vocês já estão na
nossa listinha!
Neste post também vamos deixar o contato pra quem quiser nos
enviar algo pelo correio, o que seria muito desejável ehehehe – aceitamos erva
de terere, erva de chimarrão, feijão, farinha da mandioca e outros itens
brasileiros hehehe.
Heilsbronner Str. 16
91564 – Neuendettelsau
Fone: 00 xx 49 9874 66734
Abraços nossos a todos vocês!
Alex, Lu e Ana Luisa.
Queridos! É tão bom e reconfortante saber que vocês estão bem, que tudo está se ajeitando melhor do que imaginaram. Sentimos muita saudades! Muitos beijos!
ResponderExcluirMarcia Grigull
Saudades de vcs tb Marcia.
ExcluirBeijos e abraços!
Amados! Estamos muito felizes pela maneira como tudo está se desenvolvendo bem. É tão bom sabermos que podemos confiar em Deus em qualquer situação. Realmente podemos perceber o quanto Deus tem dirigido a vida de vocês. Com certeza Ele tem um grande propósito para vida de vocês. Estamos com saudades e deu até inveja das pequenas alemãs com a Ana Luisa no colo. Um grande beijo! Amamos vocês muito!
ResponderExcluirEstamos aprendendo muito sobre confiança em Deus e na maneira com que Ele age. Suadades, logo nos falamos.
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